domingo, 29 de julho de 2012

Na rota do cangaço... navegação no "Velho Chico"

Na manhã da quinta feira (05/07) partimos da cidade de Piranhas a bordo do barco "cangaceiro" rumo ao local onde Lampião e parte do seu bando tombou sem vida, a Grota do Angico, no estado de Sergipe, na área do município de Poço Redondo. Descemos o "Velho Chico" por aproximadamente 40 minutos até chegar no ponto de desembarque, que seria o nosso local de descanço e almoço após a caminhada de ida e volta até o local onde o cangaço começou a ter fim.




Começamos a navegar...


 E felipe observandoa paisagem ficando para trás...


Gerlane e Felipe aproveitando o sol pois o dia estava frio...


Felipe no comando do barco "Cangaceiro"



Uso de energia solar para acionamento das bombas para abastecimento do ponto de apoio existente no local de desembarque.



Iniciamos a trilha, de aproximadamente 800 metros por dentro da caatinga. Tivemos como guia a "cangaceira" Sila...




Apesar do percurso parecer curto (800 m) este é feito por vários locais, com subidas e descidas...



A caatinga na área está brastante preservada e muito densa; chama a atenção a quantidade de macambira, sendo possivel imaginar a dificuldade de se embrenhar no mato perseguindo ou sendo perseguido !!!


 Felipe com a nossa guia "cangaceira" Sila.




 Após subidas e descidas...


Chegamos à Grota do Angico 



Na madrugada de 18 de julho de 1938 começou o ataque que durou aproximadamente 20 minutos e cerca de 40 cangaceiros conseguiram fugir. A volante, que tomou parte no fuzilamento e na degola dos cangaceiros, se compunha de 48 homens. O tenente João Bezerra que chefiava o ataque disse que foi rápido. Cercaram os bandidos num semicírculo. Um soldado da polícia foi morto, alguns ficaram feridos e 11 cangaceiros tiveram suas cabeças cortadas e expostas em praça pública em diversas cidades. Angico era o esconderijo, a fortaleza de Lampião. O esconderijo foi apontado, sob tortura segundo contam, para os policiais por um homem de confiança de Lampião, Pedro Cândido, que depois foi morto misteriosamente em 1940.



 Placa no local onde os cangaceiros foram mortos.




 Segundo contam, esse soldado não foi morto pelos cangaceiros... teria sido alvo dos próprios policiais devido a rixas com alguem da  volante.



 

Achei tudo legal... até um banquinho encontrei !!!


 Nesse local, tombou sem vida Virgulino Ferreira da Silva, Lampião O Rei do Cangaço e nós vinhemos conferir !!!


 Certamente esse era um local para dormida. Observamos a presença de parafina na cor preta e vermelha, provavelmente de velas utilizadas em algum ritual.


 Essa foi a guia que nos conduziu.




Após todo o percurso da trilha e o almoço... um banho refrescante no Rio São Francisco.




Torneirinha interessante !!!



Retornamos à Piranhas, visitamos o centro de artesanato e lá conhecemos esse repentista.


Foram muitas emoções e a próxima parada é.... a hidrelétrica de Xingó, em Canindé de São Francisco - SE



sábado, 28 de julho de 2012

Piranhas - Alagoas (04/05 julho 2012)

Chegamos ao entardecer na cidade de Piranhas, estado de Alagoas, às margens do Rio São Francisco.

É a única cidade do semiárido nordestino a ser tombada pelo patrimônio histórico nacional. Localizada no sertão alagoano, teve origem no século XVIII, como pouso de viajantes que percorriam a região. Em 1859 foi visitada pelo Imperador D. Pedro II, e ganhou impulso comercial com a navegação a vapor pelo Rio São Francisco, e posteriormente com a chegada da estrada de ferro, construída pelos ingleses, no século XIX.
Porém, um dos momentos mais marcantes da história de Piranhas está diretamente ligado ao cerco que exterminou o bando de Lampião, o Rei do Cangaço e Maria Bonita




 

Centro da cidade de Piranhas...




Trem Maria Fumaça - No passado transportava passageiros e mercadorias. A linha será reativada para realização de passeios turísticos.


 

Vista da cidade de Piranhas


 

Alô Brasil !!!  Felipe em mais um orelhao diferente.



Desse felipe gostou... o Buzão do Forró !!!



Vista da Cidade. Detalhe para a capela localizada no alto do morro.


 

Pórtico de entrada da "Piranhas Velha"




Torre do relógio. Durante muito tempo esses relógios marcaram o tempo para passageiros da estação ferroviária, assim como para os que navegavam no "Velho Chico"



Vamos lá mamãe...




Vista de parte da cidade de Piranhas.



 

Antiga estação ferroviária; hoje abriga o Museu do Cangaço.



 
O cangaço, histórias e lendas

Palco de grandiosas histórias ligadas ao cangaço, Piranhas foi o ponto de partida da famosa volante comandada pelo Ten. João Bezerra, que emboscou e matou Lampião e seu bando na Grota de Angicos, em 28 de julho de 1938. O bando teve suas cabeças cortadas e exibidas nas escadarias do antigo Palácio Provincial de Piranhas, onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal. A cidade ainda foi vitma do terror causado pela invasão de Corisco e Gato, comparsas de Lampião. Liderando seu bando, Gato veio em busca de sua mulher, que equivocadamente havia sido dada como morta. A população reagiu, e o cangaceiro tombou com um tiro certeiro em 27 de outubro de 1936.




Não basta visitar... tem que participar !!! (rsrsrs)





 
Predio da atual Prefeitura Municipal de Piranhas. Nesse local foram expostas as cabeças de Lampião, Maria Bonita e demais membros do bando mortos na Grota de Angicos, localizada no município de Poço Redondo no estado de Sergipe.Nota-se que não mais existe a escadaria na qual as cabeças foram expostas.









PARA ONDE VAMOS ???


 Ao amanhecer do dia 04/07 tinha em mente a seguinte programação: seguir viagem para Salgueiro em Pernambuco para a noite assistir a estreia do Treze na série C diante do time local e no dia seguinte viajar com destino a Campina Grande; como o jogo só seria às 20:00 h, daríamos uma esticadinha até a cidade de Tucano para conhecer o "Jorro". Colocamos o plano em execução; Tudo saiu conforme planejado, conhecemos Caldas do Jorro e fomos almoçar. Ao término do almoço, abro novamente o mapa e tudo muda novamente... (não seria dessa vez que iria assistir o jogo do GALO) o novo destino era a cidade de Piranhas, em Alagoas !!!




Caldas do Jorro é um destino turístico de estância hidromineral, localizada no Município de  Tucano no estado da Bahia, suas águas são conhecidas pelo valor medicinal que gera significativo fluxo turístico. Despontando limpa, abundante, com grande pressão e desprendimento de gases espontâneos, dissolvidos no volume de água termal e com temperatura que chega a 48°Centígrados suas águas emergem de uma profundidade de 1.861,42 metros.Com propriedades terapêuticas já bastante conhecida e comprovadas, as águas de Caldas do Jorro, tem grande poder curativo e são indicadas no caso de doenças alérgicas, dermatoses reumáticas, gastro intestinais, dispepsias, gastrites, colites, prisão de ventre, doenças do fígado e dos rins, manifestações úricas, acne – furunculose e parasitosas da pele.


Ficheiro:Jorro.JPG

Algumas coisas nos chamaram atenção... dentre elas a temperatura da água, a quantidade de camaleões passeando livremente na praça e até no meio da rua, além da naturalidade com que as pessoas se banham no jorro, deu a entender que é comum pessoas passarem e sem maiores motivos irem "esquentar o coro" com as águas quentes. 


Canudos, interior da Bahia. (02 e 03 de julho 2012)

Tudo estava preparado... passagens compradas, contatos com hoteis e malas arrumadas para uma nova viagem, dessa vez rumo ao estado do Amapá para "pisar na Linha do Equador". Como a vida é cheia de surpresas, resolvemos na véspera da viagem mudar o nosso roteiro e fomos parar na cidade de CANUDOS, no interior da Bahia !!!


A Guerra de Canudos começou numa noite de novembro de 1896. Na ocasião, uma tropa de linha, sob o comando do tenente Pires Ferreira, estava aquartelada na entrada da vila do Uauá quando ouviram cânticos e ladainhas entoadas por um grupo de conselheiristas que carregavam estandartes e oratórios. A soldadesca abriu fogo e houve sangrenta batalha. A tropa estava em Uauá a pedido de Arlindo Leone, juiz de Juazeiro, vila ribeirinha do Rio São Francisco.



Os conselheiristas estavam indo para o Juazeiro pegar madeiras que foram compradas para as obras da Igreja do Bom Jesus, a igreja nova, mas não tinham sido entregues pelo fornecedor. Apavorado e receoso de um conflito dentro da vila, o juiz Leone pediu ao Governo do Estado uma tropa de linha para impedir a ida dos conselheiristas. Naquela noite, os soldados de Pires Ferreira foram derrotados e a investida militar ficou conhecida como a primeira expedição contra o Arraial de Canudos.

A segunda expedição foi comandada pelo major Febrônio de Brito. Chegou perto de Canudos, deslocando-se pela estrada do Cambaio, e foi desbaratada pelos defensores do Bom Jesus na Lagoa do Cipó, hoje conhecida como Lagoa do Sangue, na manhã de 19 de janeiro de 1897. Depois da derrota da expedição de Febrônio de Brito, o país voltou os olhos para aquele "arraial maldito". A imprensa começou a pedir o seu extermínio e o Governo Federal organizou a expedição Moreira César, a terceira investida militar contra Canudos.



O temível oficial que combatera com mão de ferro os revoltosos de Santa Catarina, durante a Revolução Federalista de 1893, partiu do Rio de Janeiro para a Bahia aclamado pela população. Embrenhou-se na caatinga e no dia 3 de março estava dentro de Canudos. Em meio ao combate, foi ferido e morreu na madrugada do dia seguinte. Com a morte do seu comandante, as forças da terceira expedição debandaram e fugiram.

Em poucos dias a notícia da derrota do coronel Moreira César chegou ao Rio de Janeiro. Parte da imprensa associou os conselheristas a um fantasioso movimento de restauração monárquica e vários monarquistas foram perseguidos e um foi morto pela população enraivecida.

Logo foi organizada a quarta expedição militar. Comandada pelo General Artur Oscar, era composta por dez mil soldados de vários estados do país e foi dividida em duas colunas militares que convergiram sobre a cidade de Canudos. A primeira coluna partiu de Monte Santo e a segunda de Aracaju. Se encontraram no Alto da Favela na manhã de 28 de junho de 1897.

Durante o conflito, os militares sofreram inúmeras baixas, principalmente nos combates do Cocorobó e da Favela. Neste último, estiveram perto de mais uma derrota frente aos jagunços do Bom Jesus Conselheiro.

Em outubro, depois de quatro meses enfrentando a expedição Artur Oscar, o Arraial de Canudos foi incendiado e seus bravos defensores foram mortos.

No arraial sagrado, não ficou pedra sobre pedra, como ordenaram os oficiais da quarta e última expedição militar!


O Vale da Morte aparece em vários relatos, jornalísticos e militares, sempre se reportando aos dias de fome, sede e desespero impostos à soldadesca por causa da desorganização dos comboios vindos da base militar montada em Monte Santo. Muitos foram atacados no caminho pelos piquetes comandados pelos defensores de Canudos. Por esse estreito vale, as forças da primeira coluna da quarta expedição militar tentaram chegar ao Alto da Favela no entardecer do dia 27 de junho de 1897 e foram surpreendidas pelos combatentes conselheiristas entrincheirados nos cimos dos morros que ladeiam a locação. Este local - também conhecido como Toca da Favela, Gruta da Favela, Vale Sinistro e Boca do Lobo - foi usado como cemitério durante a expedição Artur Oscar e nele estão enterrados não só militares, mas, também, mulheres e crianças companheiras e filhos dos soldados.


O Alto da Favela, também chamado de Morro Vermelho e Morro da favela, é, depois da Praça da Igreja, a locação mais importante do cenário da Guerra de Canudos. Dela, tinha-se uma visão frontal e geral do arraial conselheirista, hoje submerso nas águas do Açude Cocorobó.

Ponto de resistência dos jagunços conselheiristas no início das operações da quarta expedição, essa locação foi tomada pelos militares na manhã de 28 de junho de 1987. Nesta mesma manhã, aconteceu o encontro das duas colunas que formavam a expedição e tinham se deslocado de Monte Santo na Bahia e Geremoabo, em Sergipe. Aqui ficaram até 18 de julho, quando investiram contra Canudos, através da linha negra, e estabeleceram acampamentos e hospital de sangue ao norte da cidadela. Até o final da guerra, as forças republicanas mantiveram no Alto da Favela acampamentos militares e artilharia.


Em vários locais ainda são encontrados vestígios interessantes... fragmentos de ossos, pedaços de metais e várias trincheiras usadas pelos seguidores de Conselheiro. Em uma delas Felipe teve a ideia de como é ficar entrincheirado (rsrsr).



A Fazenda Velha, também conhecida como Tapera ou Trincheira 7 de setembro, nessa locação estavam as ruínas da antiga sede da Fazenda Canudos, onde morreu o comandante da terceira expedição militar, coronel Moreira Cesar, na madrugada do dia 4 de março de 1897. Durante a quarta expedição, este local foi importante trincheira conselheirista até a noite de 7 de setembro, quando foi tomada pelas forças republicanas.
Gerlane e Felipe registrando tudo !!!

 Ao fundo, águas da barragem de Cocorobó que foi construída na década de 60; muitos afirmam que teve o objetivo de sepultar de vez a área onde era localizada o arraial de Canudos. Nessa área havia a segunda Canudos que havia sido reconstruída anos depois, já que a primeira Canudos havia sido destruída pelas tropas do exercito. Da segunda Canudos, com o enchimento da barragem, pouca coisa sobrou... devido ao baixo nível da água no reservatório, em decorrência da seca que assola a região, tivemos a oportunidade de ver parte das ruínas da igreja, mais precisamente a torre. Lamentavelmente não fizemos o registro fotográfico, apenas nas imagens de vídeo.

Resquícios da Guerra, guardados em um "museu" na vila de pescadores denominada Canudos Velho.


Felipe não perde a oportunidade para interagir e brincar...


Monumento na vila de pescadores...


 Vista da atual cidade de Canudos...


 Felipe observando peças arqueológicas no Memorial...


Única coisa que o exército não conseguiu destruir no arraial de Canudos. Esse cruzeiro edificado por Antônio Conselheiro, onde suas iniciais (AMMC - Antônio Mendes Macial Conselheiro) encontram-se gravadas na pedra abaixo que ficava no pedestal.



Por trás dos bancos é possível ver parte da madeira que, para muitos, foi o estupim da Guerra. Essa madeira só chegou a Canudos 100 anos após a guerra !!! Foi doada ao Instituto Popular Memorial de Canudos.


Documento relatando a doação da madeira.


Escultura existente na Pousada Sol Poente... ao fundo as águas do açude de Cocorobó.


Os textos grafados em vermelho foram retirados do GUIA DO CENÁRIO DA GUERRA, Parque Estadual de Canudos.